21 janeiro, 2008

Patrono


("Dr. Reynaldo Kuntz Busch" - 100 x 60 cm, óleo sobre tela, acervo)

Meça e corte!

("Cosmo" - óleo sobre tela, 40 x 60 cm, acervo.)

"Amor-próprio e ódio a si próprio são as mais profundas das forças produtivas terrenas."
(Hugo Hofmannsthal)

Devaneio

Numa atmosfera de sensações e reminiscências, todo o encanto do mistério feminino, sua subjetividade, sentimentos e contemplação que podem provocar no espectador o desejo e a reflexão sobre a beleza desse universo, ao mesmo tempo único e complexo.

("Mulher com lenço" - óleo sobre tela, 60 x 40 cm, acervo)

Sintonia fina


A transcendência da dimensão materna figura nesse quadro que tenta exprimir em cores e formas, as marcas indeléveis, profundas e universais do sentimento mútuo, biunívuco, numinoso, de criadora e criatura, provedora e receptor, mãe e filho.

("Mãe e bebê" - óleo sobre tela, 40 x 30 cm, acervo.)

(...)


("Aqr." - acrílico sobre tela, 60 x 40 cm, acervo)

Entrar na alma sem ser convidado nem invasivo, 
com a solenidade de quem entra num templo e
com a delicadeza de uma brisa, e ser sempre bem-vindo.
Perceber suas cores.
Palmilhar os cantos da alma e percebe-la alegre, triste, dolorida, pensativa.
Ter para cada situação uma pílula de efeito imediato e com precisão cirúrgica.
Sem nunca precisar ouvir uma confissão inspira sentimento de perdão e justificação
Sem penitências, sem conselhos.
Não atribui para si a infalibilidade, 
Portanto, tão confortavelmente humano e tão próximo.
Perseverar em conhecer sua congregação de amigos e exorta-la que, ao contrário do que tantos pensam não é dar bronca mas animar, estimular, confortar.
Extremamente masculino justamente por não temer o feminino.
Apreciador da beleza do feio, da feiúra do belo. 
Comungar com você é comer o pão da palavra, tomar o vinho da poética numa liturgia de afetividade.



(Texto de Solange Maria de M. Marcelino)

Parati.


("Casario " - óleo sobre tela, 30 x 40 cm, acervo.)

Sossego...

("Flores do campo" - aquarela, A3

- Referência:  "Jardim de Verão" de Charles Reid)


Pra que serve o amor

Pra que serve o amor? 
A gente conta todos os dias
Incessantemente histórias 
Sobre a que serve amar?

O amor não se explica 
É uma coisa assim 
Que vem não se sabe de onde 
E te pega de uma vez

Eu, eu escutei dizer 
Que o amor faz sofrer 
Que o amor faz chorar
Pra que se serve amar?

O amor, serve pra que?
Para nos dar alegria 
com lágrimas nos olhos 
É uma triste maravilha

No entanto, dizem sempre 
Que o amor decepciona 
Que há um dos dois 
Que nunca está contente

Mesmo quando o perdemos 
O amor que conhecemos 
Nos deixa um gosto de mel 
O amor é eterno

Tudo isso é muito lindo 
Mas quando acaba 
Não lhe resta nada 
Além de uma enorme dor

Tudo agora 
Que lhe parece "rasgável" 
Amanhã, será para você 
Uma lembrança de alegria

Em resumo, eu entendi 
Que sem amor na vida 
Sem essas alegrias, essas dores 
Nós vivemos para nada

Mas sim, me escute 
Cada vez mais eu acredito
E eu acreditarei pra sempre 
Que é pra isso que serve o amor

Mas você, você é o último 
Mas você, você é o primeiro 
Antes de você não havia nada 
Com você eu estou bem

Era você quem eu queria 
Era de você que eu precisava 
Eu te amarei pra sempre 
E a isso que serve o amor.

( "A quoi ça sert l'amour", Edith Piaf, trad.)

Esta letra foi retirada do site www.letras.mus.br

Labirinto

... que dá origem à série, de onde tudo vem, pra onde tudo vai, aonde tudo acaba. E recomeça...

("Canaã" - mista, A2)

Precisa perder o medo do sexo
Precisa perder o medo da morte
Precisa perder o medo da música
Precisa perder o medo da música
O que se vê não se via
O que se crê não se cria
Precisa perder o medo da musa
Precisa perder o medo da ciência
Precisa perder o medo da perda
Da consciência
O que se vê não se via
O que se crê não se cria
Precisa perder o medo de mim
Precisa perder o medo de mim
Precisa perder o medo da música
Precisa perder o medo da música
O que se vê não se via
O que se crê não se cria
Medo Medo Medo Medo
O que se crê não se cria
Precisa perder o medo da musa
Precisa perder o medo da musa
Precisa perder o medo da música
Precisa perder o medo da música
Medo Medo Medo Medo
O que se crê não se cria

"Medo"(Titãs)

Rubi (alternativa)

Acho que vi um gatinho...
("Rubi" - aquarela, A4)


"É bom ter um monte de gatos em volta. Se você está mal, basta olhar pra eles e fica melhor, porque eles sabem que as coisas são como são. Não tem porque se entusiasmar com a vida, e eles sabem. Por isso, são salvadores. Quantos mais gatos um sujeito tiver, mais tempo viverá. Se você tem cem gatos, viverá dez vezes mais que se tivesse dez. Um dia, isso será descoberto: as pessoas terão mil gatos e viverão para sempre."
(BUKOWSKI, Charles).

Spaguetti de sábado à noite


És eternamente responsável pelo seu jeito canivete de ser. Eu disse cativante.

("Rubi" - mista, A2)



  Se te queres matar, por que não te queres matar? 
  Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida, 
  Se ousasse matar-me, também me mataria... 
  Ah, se ousares, ousa! 
  De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas 
  A que chamamos o mundo? 
  A cinematografia das horas representadas 
  Por atores de convenções e poses determinadas, 
  O circo policromo do nosso dinamismo sem fím? 
  De que te serve o teu mundo interior que desconheces? 
  Talvez, matando-te, o conheças finalmente... 
  Talvez, acabando, comeces... 
  E, de qualquer forma, se te cansa seres, 
  Ah, cansa-te nobremente, 
  E não cantes, como eu, a vida por bebedeira, 
  Não saúdes como eu a morte em literatura! 

  Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente! 
  Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém... 
  Sem ti correrá tudo sem ti. 
  Talvez seja pior para outros existires que matares-te... 
  Talvez peses mais durando, que deixando de durar... 

  A mágoa dos outros?... Tens remorso adiantado 
  De que te chorem? 
  Descansa: pouco te chorarão... 
  O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco, 
  Quando não são de coisas nossas, 
  Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte, 
  Porque é coisa depois da qual nada acontece aos outros... 

  Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda 
  Do mistério e da falta da tua vida falada... 
  Depois o horror do caixão visível e material, 
  E os homens de preto que exercem a profissão de estar ali. 
  Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas, 
  Lamentando a pena de teres morrido, 
  E tu mera causa ocasional daquela carpidação, 
  Tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas... 
  Muito mais morto aqui que calculas, 
  Mesmo que estejas muito mais vivo além... 
  Depois a trágica retirada para o jazigo ou a cova, 
  E depois o princípio da morte da tua memória. 
  Há primeiro em todos um alívio 
  Da tragédia um pouco maçadora de teres morrido... 
  Depois a conversa aligeira-se quotidianamente, 
  E a vida de todos os dias retoma o seu dia... 

  Depois, lentamente esqueceste. 
  Só és lembrado em duas datas, aniversariamente: 
  Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste. 
  Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada. 
  Duas vezes no ano pensam em ti. 
  Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram, 
  E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti. 

  Encara-te a frio, e encara a frio o que somos... 
  Se queres matar-te, mata-te... 
  Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência! ... 
  Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida? 

  Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera 
  As seivas, e a circulação do sangue, e o amor? 

  Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida? 
  Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem. 
  Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma? 

  És importante para ti, porque é a ti que te sentes.  
  És tudo para ti, porque para ti és o universo, 
  E o próprio universo e os outros 
  Satélites da tua subjetividade objetiva. 
  És importante para ti porque só tu és importante para ti.   
  E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?   

  Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido? 
  Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces, 
  Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial? 

  Tens, como Falstaff, o amor gorduroso da vida? 
  Se assim a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente, 
  Torna-te parte carnal da terra e das coisas! 
  Dispersa-te, sistema físico-químico 
  De células noturnamente conscientes 
  Pela noturna consciência da inconsciência dos corpos, 
  Pelo grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências, 
  Pela relva e a erva da proliferação dos seres, 
  Pela névoa atômica das coisas, 
  Pelas paredes turbihonantes 
  Do vácuo dinâmico do mundo...

"Se te queres",  poema de Álvaro de Campos

Hora de parar


("Souvenir de Geova" - mista, A3)

"E depois de mil maratonas, dez mil expedições (tripuladas ou não) ao poderoso computador de plasma, extraordinário arquiteto, divino  onipensantesensitivo cérebro, chegareis, homens trôpegos e esfarrapados, aos pés dos filósofos românticos, ao coro dos poetas ridículos e  engrossareis o bordão dos insólitos casais boêmios, dos viciados incorrigíveis e dos insanos em geral: "_Se há uma coisa voluntária numa mulher ou num homem, é o coração! Sim, eis o humano automóvel! Eis a negra locomotiva fantasma!"

Café é uma droga. Mmmmm...



Aceita um cafezinho?

("Café" - pastel, A4)

... a mais bela tribo...

("Era Azteca" - bico de pena e aquarela, A3)

"...uma índia doente, vendo que não poderia fugir nem escapar aos cães que a dilacerariam, como faziam a todos os outros, apanhou duma corda e enforcou-se numa trave, tendo amarrado ao pé uma criança que tinha, de um ano de idade; nem apenas tinha acabado de fazê-lo eis que chegaram os cães para agarrar a criança, ao mesmo tempo em que, enquanto morria, um irmão religioso a batizava " (Bartolomé de las Casas, 1474- 1566).

"O Pensador"

("O Pensador" -  mista, A2

- referência: retrato da escultura de Auguste Rodin .)

O anão tem um carro com rodas gigantes
Dois elefantes incomodam muito mais
Só os mortos não reclamam
Os brutos também mamam
Mamãe eu quero mamar
Eu não tenho onde morar
Eu moro aonde no mora ninguém
Quem tem grana que dê a quem não tem
Racio símio Racio símio Racio símio Racio símio
Racio símio Racio símio Racio símio Racio símio
Quem esporra sempre alcança
Com maná adubando dá
Ninguém joga dominó sozinho
É dos carecas que elas gostam mais
A soma dos catetos é o quadrado da hipotenusa
Nem tudo que se tem se usa
Racio símio Racio símio Racio símio Racio símio
Racio símio Racio símio Racio símio Racio símio
Os cavalheiros sabem jogar damas
Os prisioneiros podem jogar xadrez
Só os chatos não disfarçam
Os sonhos despedaçam
A razão é sempre do freguês
Eu não tenho onde morar
Eu moro aonde não mora ninguém
Quem come prego sabe o cu que tem
Racio símio Racio símio Racio símio Racio símio
Racio símio Racio símio Racio símio Racio símio

"Racio símio" (Titãs)

Fernanda

("Fernanda" - pastel seco, A2)

Sopra un foglio di carta lo vedi il sole è giallo
Ma se piove due segni di biro ti danno un
Ombrello
Gli alberi non sono altro che fiaschi di vino
Girati
Se ci metti due tipi là sotto saranno ubriachi
L’erba è sempre verde e se vedi un punto
Lontano
Non si scappa o è il buon dio o è un gabbiano e va

Verso il mare a volare
Ed il mare è tutto blu
E una nave a navigare
Ha una vela non di più
Ma sott’acqua i pesci sanno dove andare
Dove gli pare non dove vuoi tu
E il cielo sta a guardare
Ed il cielo è sempre blu
C’è un aereo lassù in alto
E l'aereo scende giu
C’è chi a terra lo saluta con la mano
Va piano piano fuori da un bar
Chissà dove va

Sopra un foglio di carta lo vedi
Chi viaggia in un treno
Sono tre buone amici che mangiano e parlando piano
Da un'america all'altra è uno scherzo ci vuole un secundo
Basta fare un bel cerchio ed ecco che hai tutto il mondo
Un ragazzo cammina cammina arriva ad un muro
Chiude gli occhi un momento e davanti si vede il futuro già

E il futuro è un'astronave
Che non ha tempo nè pietà
Va su marte va dove vuole
Niente mai lo sai la fermerà
Se ci viene incontro non fa rumore
Non chiede amore e non ne dà
Continuiamo a suonare
Lavorare in città
Noi che abbiamo un pò paura
Ma la paura passerà
Siamo tutti in ballo siamo sul più bello
In un acquarello che scolorirà

Sopra un foglio di carta lo vedi il sole è giallo ma scolorirà
E se piove due segni di biro ti danno un ombrello che scolorirà
Basta fare un bel cerchio ed ecco che hai tutto un mondo che scolorirà

"Acquarello" (Toquinho)

Composição: Toquinho / M. Fabrizio / G. Morra

Fernanda

("Fernanda" - lápis de cor e pastel, A2)

"Belo" - junto com "gracioso", "bonito" ou "sublime", "maravilhoso", "soberbo" e expressões similares - é um adjetivo que usamos freqüentemente para indicar algo que nos agrada. Parece que, nesse sentido, aquilo que é belo é igual àquilo que é bom e, de fato, em diversas épocas históricas criou-se um laço estreito entre o Belo e o Bom.

Se, no entanto, julgarmos com base em nossa experiência cotidiana, tendemos a definir como bom aquilo que não somente nos agrada, mas que também gostaríamos de ter. Infinitas são as coisas que consideramos boas: um amor correspondido, uma honesta riqueza, um quitute refinado, e em todos esses casos desejaríamos possuir tal bem. É um bem aquilo que estimula o nosso desejo. Mesmo quando consideramos boa uma ação virtuosa, gostaríamos de tê-la realizado nós mesmos, ou nos propomos a realizar uma outra tão meritória quanto aquela, incitados pelo exemplo daquilo que consideramos ser um bem.

Ou então chamamos de bom algo que é conforme a algum princípio ideal, mas que custa dor, como a morte gloriosa de um herói, a dedicação de quem trata de um leproso, o sacrifício da vida feito por um pai para salvar um filho… Nesses casos reconhecemos que a coisa é boa mas, por egoísmo ou por temor, não gostaríamos de nos ver envolvidos em uma experiência análoga.

Reconhecemos aquela coisa como um bem, mas um bem alheio que olhamos com um certo distanciamento, embora comovidos, e sem que sejamos arrastados pelo desejo. Muitas vezes, para indicar ações virtuosas que preferimos admirar a realizar, falamos de uma "bela ação".

Se refletimos sobre o comportamento distante que nos permite definir como belo um bem que não suscita o nosso desejo, compreendemos que falamos de Beleza quando fruímos de alguma coisa por aquilo que é, independentemente da questão de possuí-la ou não. Até mesmo um bolo de casamento bem confeccionado, quando o admiramos na vitrine do confeiteiro, nos parece belo, mesmo que, por questões de saúde ou de inapetência, não o desejemos como um bem a ser adquirido. É bela alguma coisa que, se fosse nossa, nos deixaria felizes, mas que continua a sê-lo se pertence a outro alguém. Naturalmente não se considera o comportamento de quem, diante de uma coisa bela como o quadro de um grande pintor, deseja possuí-lo por orgulho de ser o possuidor, para poder contemplá-lo todo dia ou porque tem grande valor econômico. Estas formas de paixão, ciúme, desejo de possuir, inveja ou avidez, nada têm a ver com o sentimento do Belo. O sequioso que ao dar com uma fonte precipita-se para beber, não lhe contempla a Beleza. Poderá fazê-lo depois, uma vez satisfeito o seu desejo.

Por isso, o sentido da Beleza é diverso do sentido do desejo. Podemos considerar alguns seres humanos belíssimos, mesmo que não os desejemos sexualmente, ou que saibamos que nunca poderão ser nossos. Se, ao contrário, se deseja um ser humano (que além do mais poderia até ser feio) e não se pode ter com ele as relações almejadas, sofre-se.

(Umberto Eco in "História da beleza")


A longa sacola que arrastamos atrás de nós...


"...inferioridade, agressão, neurose, lado negativo da personalidade, soma de todas as qualidades desagradáveis que o indivíduo quer esconder, o lado inferior, sem valor e primitivo da natureza do ser humano, a “outra pessoa” em um indivíduo, seu próprio lado obscuro..."

("Contraste" - pastel, A3)

"(Hein) bocadura?"


"_Pegagus?! Há, essa foi boa!

Vamos logo, Figueiredo, não temos o dia inteiro! Abra a boca e diga Aaaaaaaaaaahh..."

("Spe(tá)cullum" - mista, A3)


A rebelião física não é possível no momento, nem qualquer preliminar de rebelião. Dos proletários nada há a temer. Entregues a si mesmos, continuarão, de geração em geração e de século a século, trabalhando, procriando e morrendo, não apenas sem qualquer impulso de rebeldia, como sem capacidade de descobrir que o mundo poderia ser diferente do que é. Só poderiam ficar mais perigosos se o progresso da técnica industrial tornasse necessário educá-los mais; porém, como a rivalidade militar e comercial não tem mais importância, declina o nível da educação popular. As opiniões das massas, ou a ausência dessas opiniões, são alvo da máxima indiferença. Não é possível dar-lhes liberdade intelectual porque não possuem intelecto.

("1984", George Orwell)