08 junho, 2012

Todos nós já ouvimos aquelas histórias de meninos e meninas-lobo, privados do contato humano, perdidos para a civilização. Bem, alguns de nós são o oposto disso, sem deixar de ser o contrário. Alguns de nós foram criados por livros, "ao pé da letra". Não Mogli, mas Bibli, meninos e meninas-livro.
É como me sinto, às vezes.
Talvez por isso a tendência ao literal, à compulsão analítica, a catalogar as pessoas, a interpretá-las, esgotá-las.
Talvez por isso o refúgio na academia, uma selva cheia de sons familiares, ecos reconfortantes de uma alcatéia cinzenta, ancestral.
Talvez por isso me apegue de modo desesperado a pessoas empáticas, sociáveis. Elas se comunicam de uma forma que não aprendi, regurgitam outras coisas.
Em grande parte sou produto da contingência dos livros a que tive acesso, que me cercaram e aos quais fui levado a abraçar.
A solidão permanece, contudo, assim como a busca.
There I go. Turn the page.