06 novembro, 2009

Brevíssimas reflexões e algumas provocações a respeito de arte

Você já se fez alguma dessas perguntas?

“Tudo o que perde a função vira arte. O passado inteiro é arte. (...) Também os objetos que usamos todos são arte só que ainda não têm o selo do passado.”


Para que o pintor seja artista é preciso que sua obra seja uma obra de arte? E o que é uma obra de arte? Quem a define obra de arte e sob que critérios? Artista é profissão?”


“Podemos considerar obras de arte trabalhos infantis?”


“... não há nenhum modo de demonstrar, hoje, na vasta maioria dos quadros expostos nas grandes mostras internacionais, se determinada obra é boa ou má, se é fruto de maestria artesanal, de mera habilidade ou de simples acaso.”


“... o motor verdadeiro da arte contemporânea é menos a necessidade expressiva culturalmente fundada do que o mecanismo de prêmios e prestígio que a condiciona.”


“Para quem fala o artista de hoje? Se não é para o público, se não é para a crítica, se não é para seus compradores – é para ninguém.”


“O artista tem como público precisamente aquela parte da sociedade da qual ele discorda de maneira radical.”


“Hoje a vanguarda tem mercado pronto. É condição de sucesso comercial fazer pintura de vanguarda.”


“A poesia pode exprimir uma consciência de mundo ou somente perplexidades?”


“Ele a escolhe (a poesia), precisamente, porque necessita escapar às contradições concretas de sua vida, e a poesia se lhe oferece um caminho – oferecendo-se ao mesmo tempo, como uma “nova realidade” mais perfeita e mais real.”


“Abstracionismo, surrealismo, dadaísmo, ao invés de encarados como expressão da crise, são tidos pelos críticos como invenção formal, de uma nova estética que relega o conteúdo a segundo plano.”


“Essa atitude ideológica em face do real (o abstracionismo) suscita uma série de questões. Existe uma “verdadeira realidade” ou a realidade é um incessante transformar-se? A essência pode ser apreendida se se elimina a aparência? As formas ditas abstratas têm algum significado imanente? E, se têm, é possível articulá-las numa linguagem capaz de exprimir, de modo cada vez mais rico e profundo, as “verdades” subjacentes?”


(GULLAR, Ferreira - “Cultura posta em questão”, 1963; “Vanguarda e subdesenvolvimento”, 1969; e “Sobre arte”, 1982.)